29 agosto 2011

Dá pra ir além - Missão Senegal

Aos amigos que visitam este simples blog de vez em quando, segue um vídeo muito importante sobre o Caminho da Graça e a Missão Senegal.

Entenda o que estamos querendo fazer pelas loucuras de amor.

26 agosto 2011

O que você me diz de possessão demoníaca?

Segue texto longo, mas riquíssimo do Caio Fábio em resposta a um questionamento. Tire algum tempo e leia abaixo. Vai enriquecer sua vida eu tenho certeza.

César

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O QUE VOCÊ ME DIZ DA POSSESSÃO DEMONÍACA?

Olá pastor! O senhor sempre fala sobre diabo e demônios colocando sobre eles uma responsabilidade bem menor que no ser humano corrompido e engodado pelo mal. Quase nunca pelo "mau". Como o senhor vê a tal possessão demoníaca? Coisas como o demônio falar com voz quase masculina em um corpo feminino, força descomunal e inteligência não compatível com o histórico do "portador"... Em Nephilim, há um certo comentário sobre o portador se "fundir" de tal forma com o espírito mau, que a partir de um certo momento não se pode quase distinguir que "eu" está falando. Sei que Nephilim é um livro de ficção e não de doutrina. Mas contém muita doutrina. Para mim o que marca nesse livro é o sentido da projeção. A maioria dos livros cristãos falam do Reino espiritual a partir de circunstâncias humanas. Para mim, Nephilim fala de circunstâncias humanas a partir do Reino espiritual! Enquanto a maioria dos livros dizem: está vendo esse fato "natural"? Quer dizer que o Reino espiritual é assim...., Nephilim diz: Sabe o Reino espiritual? Por isso, o mundo natural é assim... Desde que eu li esse livro, não consigo mais distinguir essa coisa de natural-espiritual. Para mim algo natural é tão espiritual... e algo espiritual é tão natural... Mas voltando ao assunto...O senhor concorda com o depoimento do Dr. Cedros? Como se processa a possessão maligna? O endemoninhado gadareno vivia com um altista enquanto era possuído, ou ele foi "encarnando" e tecendo intimamente aquele personagem mórbido até não conseguir mais distinguir o personagem de si próprio e ficar preso à indefinição? Não sei se existe uma preocupação bíblica em explicar isso, mas de qualquer forma, o que o senhor pensa? Um beijo. Na Graça, nossa possessão e herança em Cristo.
M. Cunha


Resposta:

Amado amigo: Ele despojou os principados e potestades, e publicamente os expôs ao desprezo, triunfando sobre eles na Cruz! Ora, se Ele os despojou, é porque tinham poder. E se triunfou sobre eles na Cruz, é porque eles existiam em oposição à Cruz, à Graça. E por que eu digo as coisas conjugando os verbos no passado? Eles deixaram de ter poder? Ele não têm mais poder, e ainda têm poder! Paradoxo, outra vez. Tudo existe ainda em paradoxo. Jesus triunfou sobre eles porque rasgou o escrito de dívidas, e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial...e encravou o escrito de débitos na Cruz. Ora, assim fica mais claro. Ele têm poder sobre a vida humana até que o indivíduo se vista da Graça de Deus com fé.
Este é o capacete da Salvação, e é também dessa consciência em fé de onde procedem a couraça da justiça, o escudo da fé, o cinto da verdade, as sandálias do Evangelho da paz, e a Palavra de Deus, que é espada para a luta e o enfrentamento. Ou seja: se eu creio de verdade no que Jesus já realizou por mim na Cruz, e se para mim isto é Pleno e Suficiente, então, ando sem medo, pois sei que aqueles que poderiam me fazer algum mal estão, eles mesmos, impotentes quanto a mim, visto que sei e creio que eles estão vencidos por Jesus. Ora, saber disso em fé torna Jesus o Advogado de minha vida nos céus, na terra, e debaixo da terra e dos mares. Em qualquer lugar. Até no espaço sideral, ou em qualquer dimensão de existência.
O diabo se alimenta do medo. Quem o teme, dá poder a ele. Quem sabe dele, mas já sabe que ele está vencido e amarrado, põe-se, pela fé, no Refúgio do Altíssimo, onde até o diabo só age como servo. Por que não falo muito no diabo? Ora, pelo menos por duas razões. A primeira é a que expus acima. Portanto, o diabo não é objeto de minha preocupação. Eu, todavia, sou minha maior preocupação, posto que eu, de mim mesmo, sou carnal, e dado ao pecado em minha natureza caída. Assim, vigio a mim mesmo, antes de vigiar a quem quer que seja. Além disso, quem teria a pretensão de poder vigiar o diabo? Ora, eu sim, preciso ser vigiado, visto que agora, o pior diabo habita as disposições de meu mundano proceder. E isto não tem a ver com modas, mas com meu modo de expressar na vida o que seja a mentira de meu ser como se fossem verdade.
Quanto a isto preciso estar sempre atento. A segunda razão pela qual pouco falo no diabo é porque fala-se muito nele. O diabo "tem gloria" no meio cristão, como se fosse um igual a Deus. De fato, teme-se ao diabo, e não se teme a Deus. Ora, o compromisso de minha consciência é não ser e nem fazer nada que não decorra da fé em Jesus. Sendo assim, entrego minha consciência em Deus e usufruo dos benefícios da Cruz, andando sem medo ou susto.
Se depender de minha boca o diabo morre seco. Não tenho lábios para ele. E mais: até na hora de discerni-lo em pessoas, o faço sem estardalhaço—afinal, o diabo adora um show'; e, assim, vejo o poder libertador de Jesus em ação, e sei que tudo vem de Deus. Quem ensina a Graça de Deus conforme o Evangelho e crê no que ensina, não tem razão para falar no diabo, e nem para não mandá-lo sair se ele desejar se apresentar. Assim, se ele não se manifesta, não é mencionado. E se manifesta, é imediatamente retirado. Era assim que Jesus fazia nos evangelhos.
Também não falo muito no diabo—exceto o necessário—porque vejo que no meio cristão a figura do diabo tem um papel mais diabólico do que o próprio diabo consegue ter. Isto porque o diabo é útil ao auto-engano cristão que lhe atribui as culpas sempre, enquanto as pessoas não param para se enxergar na luz da verdade. Ora, essa projeção no diabo nas coisas que nos dizem respeito é algo mais diabólico que o diabo consegue ser. E ele agradece. Isto porque ele, assim, cumpre um papel de evasão da realidade e de nós mesmo, fazendo com que nunca nos enxerguemos. E quanto menos uma pessoa se encara, tanto mais atribui ao diabo as suas próprias responsabilidades. O que os cristãos precisam saber é que com a Cruz não apenas cessaram os sacrifícios de animais—cordeiros e qualquer outro sacrifício—, mas também acabou o antigo rito bíblico de se soltar o "bode expiatório", e que levaria o pecado do povo para fora do arraial. Em Jesus o Bode Expiatório acabou também. E isto vale para o diabo como figura de “bode expiatório psicológico”. Isto porque, para os cristãos, o diabo não perdoa pecados, mas serve para levar a culpa. O perigo é que quando as pessoas usam o diabo para levar a culpa de suas culpas, elas vão ficando diabólicas.
Infelizmente esta é a verdade. Assim, quanto mais alguém se utiliza do diabo para se justificar, mas poder dá ao diabo em sua própria vida. O que é insuportável para o diabo é ver uma consciência humana que sabe que ele existe, mas que anda tanto com Deus, que o diabo inexiste para ela, visto que jamais será usado por essa pessoa para explicar nada; o bem, nunca; e o mal, jamais. Enquanto os homens fizerem como Adão, e olharem para a Serpente como uma justificativa para o seu próprio ato e decisão, o diabo crescerá em importância. Mas quando eu digo que fui eu quem "comeu", e não transfiro responsabilidades nem para a mulher, nem para o mundo e nem para o diabo, nesse dia o diabo começará a secar em nossa existência; visto que a maldição da serpente é comer o meu pó; ou seja: a produção de meu andar...e se ando com medo, melhor será para aquele que se alimenta, sobretudo, de meu medo.
Quanto ao Gadareno e às diversas formas de possessão—desde as mais leves às mais entranhadas—, me escreva noutra hora que responderei. É que agora estou de saída. Mas me solicite outro dia e responderei com prazer.

Um beijão.
Nele, em Quem podemos andar sem medo,

Caio

10 fevereiro 2011

Deus nos livre de um Brasil evangélico

Eis um texto que preciso dividir...

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Deus nos livre de um Brasil evangélico

Ricardo Gondim

Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar “crente”, com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadú? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.

O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

fonte: site do Ricardo Gondim