06 janeiro 2010

O não-banquete: a internet e a aparência do diálogo

Meus amigos... deliciem-se com um pequeno trecho de um texto absurdamente maravilhoso e inteligente escrito por meu "amigo" Paulo Brabo.

Por favor, clique no link, vá até a página dele e leia por completo. É muito interessante.

Paulo Brabo! Parabéns! Haja brabeza!



Conceitualmente, a internet provou ter potencial para corrigir de forma definitiva e eficaz aquela antiga deficiência da palavra escrita que os diálogos de Platão tinham sido inventados para corrigir de modo paliativo. Porque na internet, pasme-se, o diálogo é real. Graças à magia de grupos de discussão, tuíteres, mensagens de email, comentários em blogues, wikipédias, janelas de chat e redes de relacionamento, a palavra escrita foi liberta de seus grilhões. O diálogo é permanente. A internet é um livro aberto, e qualquer um pode escrever no miolo e rabiscar nas margens. Qualquer um é livre para adicionar sem intervalo e sem custo novas páginas que corrijam, expliquem, mencionem, satirizem ou anulem as anteriores; qualquer um pode contribuir para deixar o conteúdo mais claro, mais correto, mais atualizado, mais original, mais pessoal ou menos pessoal, mais profundo ou mais simples, mais austero ou mais engraçado.

Mais do que na Biblioteca de Babel de Borges, vivemos no Paraíso de Platão, e tudo que existe é o diálogo. Trata-se de um milagre em muitos sentidos, e de uma maldição em outros. Permita-me falar sobre a parte da maldição.

O problema é que nós seres humanos somos animais estranhos, e o diálogo não é uma arte que saibamos verdadeiramente dominar. Mesmo os mais capazes dentre nós encontram dificuldade na tarefa, e com muito mais frequência do que gostaríamos de admitir temos problemas para entender o que estamos dizendo uns aos outros, ou ainda com que intenção ou com que ênfase.

Para Platão, o lugar para se dialogar, por excelência, era entre amigos reunidos ao redor de uma mesa – de preferência um banquete lubrificado por muito vinho e música ao vivo. As vantagens do banquete cordial são muitas e muito evidentes: amigos se conhecem e saberão entender as provocações mútuas e as alusões a lembranças compartilhadas; amigos conhecem as entonações, os ritmos, os temas, as pausas e as mitologias pessoais uns dos outros. Por estarem juntos na mesma sala, um olhar compassivo pode corrigir uma frase brusca, um meio sorriso pode colorir uma ironia e uma sobrancelha erguida inverter uma idéia. A comida compartilhada os pacificará, a bebida compartilhada os tornará irmãos.


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