07 julho 2008

Mais um domingo...

Mais um domingo. A máscara está à espera, foi colocada. Está na hora. A melhor roupa já está no corpo, e os olhos estão atentos, para “reparar” o decote da irmãzinha, o boné do irmão. Com mãos levantadas se vê um mendigo na porta, ufa!, já o mandaram embora. Palavras de entrega são vomitadas de bocas que nem sabem o que dizem. Frases de “amor” fazem falsas promessas. Um olhar discreto enxerga quem está sentado na hora do louvor. Acabou (até que enfim!). Pessoas se tocam como se tivessem abraçando-se, mas não há sinceridade nisso. A fulana está de roupa nova, ganhou a atenção da noite. Agora tudo está vazio, foram todos para casa. A igreja já está escura e trancada, tudo o que há são cadeiras, instrumentos e púlpitos luxuosos.

A segunda feira chegou, junto com a preguiça e o mal-humor, a máscara já fora guardada. O mundo não parou, ainda existe escola, trabalho e compromissos. Não tem como ficar sem dinheiro nesse mundo capitalista! O dia todo no trabalho, sem nenhuma frase de bom dia para a simpática secretária. Dentro do carro, no reflexo do vidro: moço dá um trocado?! Travam-se as portas. O olhar fixo nas luzes do sinaleiro, e o outro olhar é de tristeza. A noite está fria. Um cobertor e uma boa refeição completam o dia “tão difícil”.

Nas ruas, morte, fome, choro, gritos, abandono, indiferença.

Uma noite confortável com o aquecedor ligado, fecha com chave de ouro.

No dia seguinte, aula cedo, cadeiras confortáveis, os pés bem calçados retratam o nível social. Mundinhos fechados dentro de um mundo medíocre da minoria. Bate o sinal. Na porta de saída uma criancinha suja, magra, negra. Não pede nada, mas grita por socorro no silêncio do olhar. Pessoas passam e não fazem nada. Como?! Vão para casa, almoçar. Passam o dia no MSN, com assuntos inúteis, “fuçando” ORKUTs para descobrirem mais fofocas.

Nas ruas, o tráfico, as sirenes da polícia.

O sol já se pôs. Cansados de ficarem em casa, saem para a noite na cidade. Dão risadas, comem, se divertem. Na hora de ir embora, algumas moedinhas para o jovem que “vigiou” o carro.

A semana prossegue.

No noticiário: terremotos, crianças lançadas de prédios, arrastadas por carros e jogadas em lagoas, corrupção na política, as FARCs atacam, o MST não tem terra, os etíopes não tem água tratada, o índio perdeu sua liberdade e seu lugar. Eles assistem, se sensibilizam, mas, logo depois, voltam a sua vidinha “normal” e prosseguem o jantar.

Os homossexuais lutam pela adoção de crianças. Religiosos são contra, mas não capazes de adotá-las.

No fim de semana mais uma balada. Música, rolo e bebida. Na esquina mais um aborto.

Nas ruas a desigualdade. Nas igrejas as leis que nos condenam e as modinhas que nos envergonham.

Mais um domingo. A máscara já está à espera....

Qualquer semelhança é mera coincidência.

Se a carapuça serviu, amarra e se enforca!

Porque, quando perco toda a minha força, então tenho a força de Cristo em mim. 2Co 12:10


Isabella.

Do blog: Badecos

Três camaradinhas que gosto muito lançaram o blog Badecos há pouco tempo e têm depositado lá idéias muito interessantes. Parabéns Fernando, Mateus e Isabella!

2 comentários:

Anônimo disse...

muito bom...forte, mas mto bom..

thiago

Anônimo disse...

Oque posso dizer? Excelente!
Sou evangélica e avessa a tudo que se resuma a religião e interessada em tudo que fale sobre Jesus. O texto exemplifica de forma fria mas objetiva, direta, oque as igrejas tem se tornado: fábricas de fazer crentes! Poucos são os que com olhos abertos e fitos em Deus, fogem desse grupo. Tenho um blog, entra lá: jovensemcristobrasil.blogspot.com
Fica com Deus!