Apresento um texto maravilhoso de meu amigo e compadre Anderson.
O Anderson tem sido um bom porto para tantas idéias que vão e vêm nesta minha cachola, é poder compartilhar coisas do céu com gente como ele que me dá mais vontade de não desistir e continuar acreditando que a possibilidade de algo novo é real.
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Não sei o que ainda se passa pela mente de quem profere a expressão ‘‘nós como igreja’’ para reivindicar algo da parte de Deus ou para em nome daquele grupo dizer algo a Ele. Deixa eu dizer o que cabe a nós. Nós como igreja deveríamos ser homens cristãos capacitados a mudar o mundo ao nosso redor. Digo homens querendo dizer pessoas.
Como igreja deveríamos ser homens cristãos que soubessem o lugar que ocupamos no Corpo. O que somos seria tão importante quanto o que o outro é. Compreenderíamos de uma vez por todas que o Cabeça é Jesus e que todos os demais membros são igualmente sujeitos a Ele. Não haveria membro sujeito a outro senão no momento, e só por aquele momento, em que é servido pelo que o outro é. Mas quando o que serviu fosse então servido, em relação ao que serve seria menor naquela hora, permanecendo depois disso ninguém o cabeça de ninguém, mas ambos sujeitos ao único Cabeça. Mas a sede por poder fez disso que está aí um bicho com muito mais que sete cabeças.
Nós como igreja seríamos um ambiente em que os pastores pastoreariam, os mestres ensinariam, os profetas profetizariam e seriam sinais, os evangelistas evangelizariam e os apóstolos edificariam sobre o Verdadeiro Fundamento. Não profissionalizaríamos os ministérios. O exercício de qualquer um deles seria constante, abrangeria a todos, atingiria a todos, seria exercido por todos, e o melhor, seria de graça (em todos os sentidos), por e simplesmente pela Graça. Seríamos diferentes dos gentios, entre quem os maiores dominam sobre os menores. Não haveria graduação. Ministraríamos uns sobre os outros com a graça e unção específica dispensada por Deus sobre cada um. Manifestaríamos os ministérios e os dons livremente.
Como igreja deveríamos ser homens cristãos que compartilhassem a vida e tudo o que a envolve com os nossos ‘irmãos’. Isso para quem entende que já é filho. Algum dia falarei sobre ser filho e sobre ser irmão. Não por agora. Do espiritual ao material tudo deveria ser compartilhado. Exporíamos nossas intempéries espirituais. Confessaríamos os pecados uns aos outros e seríamos curados. Conheceríamos a Verdade do cristianismo. O fruto do Espírito. O amor, o perdão, a misericórdia, reconciliação, justiça, bondade, a cura, a ressurreição, a vida, etc. O amor, o amor...
Pensando em um nível simplório ao menos alguns chegariam facilmente a pagar a metade do que pagam de aluguel para que o outro pudesse morar melhor, ou tivesse ao menos onde morar. Teríamos uma casa ou nenhuma ao invés de duas ou mais, para que o ‘irmão’ não precisasse trabalhar 12 horas todos os dias para pagar sua despesa com moradia. Preferiríamos a simplicidade. Andaríamos de Bamba, que como um Nike serve para proteger os pés ao caminhar, para que outros, de nosso credo ou não, também andassem calçados. Calçados servem para proteger os pés e não o ego. Gastaríamos mais recursos em créditos de celular para falarmos uns com os outros, cuidarmos uns dos outros, que em aparelhos mirabolantes. Ou os dois, mas nunca a coisa em detrimento do seu próprio fim. Priorizaríamos o relacionamento. Andaríamos num carro menos sofisticado para que o outro não andasse a pé. Comeríamos todos uma comida mais barata, mas comeríamos todos bem. As pessoas valeriam mais que as coisas.
Nós como igreja seríamos homens cristãos para quem a lei do dízimo não pegaria bem, pois viveríamos debaixo da Graça. Dizem que já vivemos. De fato. Inclusive seria presente a graça de tudo pertencer a todos. Graça seguida de amor e amizade. Consideraríamos tudo como perda. O individualismo mental, a auto proteção da aparência e o capitalismo não entrariam em nós... Nós como igreja???...Que bobagem...
Como igreja deveríamos ser homens cristãos que carregassem o poder manifesto do Espírito Santo. Manifestaríamos as mesmas obras do Filho e muito mais por onde passássemos. Pessoas viriam a nós perguntando desesperadas sobre o quê deveriam fazer para viverem de tal maneira, e estranhariam a luz de nossos rostos. Doidas para conhecer a Deus. Sabe? Compartilharíamos tudo, sim, sem cobrar nada ou exigir fidelidade partidária. Teríamos um só coração e alma. Consequentemente, não nos dividiríamos em denominações. Seria inconcebível simplesmente pensar na hipótese. Que vergonha...
Nós como igreja seríamos homens cristãos que dirigiriam todos os atos de sua vida em coerência com o desejo de concretizar as bodas do Cordeiro. Seríamos noiva. Não conduziríamos nada, mas seríamos realmente conduzidos.
Ser igreja está relacionado com um conjunto de ações. Com um modo de viver. Um organismo formado por vários membros e órgãos que atuam como corpo ajustado para exercer determinadas e já expostas funções. Não se trata da identidade de cada um isoladamente, ou de um grupo que não realiza tais obras. O que a caracteriza é o como é e o que faz. Logo, não o é se o como é não é como deve, nem se o que deve não o faz. Dói, mas não é difícil, admita, ou um orfanato pode ser chamado assim se não se organiza como tal nem se ocupa de vítimas da orfandade?
É impressionante como a história tem o poder de desvirtuar os sentidos das palavras. E mais ainda, é chocante como desvirtuaram a Palavra. Nós como igreja deveríamos ser homens cristãos que compreendessem com facilidade essas coisas. Seríamos humildes.
Portanto, só posso concluir com pesar que há algo errado em ‘nós como igreja’. Não podemos olvidar que o discurso está invertido. É mais cabível dizer assim: Nós como homens deveríamos ser cristãos. Nós como homens cristãos deveríamos ser igreja. Não (é) um bicho (com muito mais) de sete cabeças.
A Espada e o Fogo para todos!
Fique em Deus
Anderson Rosa